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Beatriz Ramos

O que aprendi com Ana Kallytha, Williane e Rayza

Ao longo do Intensivão, muitas coisas nos atravessam e deixam marcas na memória. Na minha, sem dúvidas, uma das mais significativas foi registrada quando Ana Kallytha, Williane e Rayza, estudantes de Caruaru e Petrolina, subiram ao palco junto ao professor e alumni Rodolfo para contar um pouco sobre suas trajetórias. O objetivo do painel era justamente o compartilhamento de vivências e o reforço da importância do educador como figura de referência no processo de aprendizagem, mas também nos processos de cuidado, incentivo e carinho dedicados aos(às) estudantes.


As meninas, cada uma do seu jeitinho, compartilharam histórias do ambiente escolar em que se sentiram empoderadas e também compartilharam suas vulnerabilidades ao longo dessa experiência. Contaram das dificuldades que tinham com leitura, escrita e matemática; contaram da vergonha que tinham de falar em público e expor suas opiniões e compartilharam como os seus professores e professoras as auxiliaram a vencer esses desafios.


Me lembro que uma delas compartilhou que tinha uma professora com quem ela não se dava muito bem, então sempre a tratava de maneira pouco respeitosa, mas que isso era resultado de um trauma muito grande que ela tinha vivido e que, mesmo reativa à figura da educadora, ela entendeu que ali ela teria o apoio necessário. Ali, ao vivo, ela se desculpou por não conseguir ter sido tão carinhosa com a professora quanto gostaria e a agradeceu por não ter desistido dela. Nesse momento, o choro foi coletivo. A emoção tomou conta de cada um que estava ali naquela sala e, partindo do campo da inferência, acredito que isso nos comoveu tanto justamente por evidenciar que, ao entrar em sala de aula, estamos lidando com vidas. Ou melhor, estamos mudando vidas. A nossa e a dos(as) nossos(as) estudantes. E essa mudança não se resume exclusivamente ao contexto escolar, ela se expande para toda a comunidade e vida afora.


Uma criança criativa, crítica e que acredita em si mesma é capaz de muitas coisas. Ela é capaz de sonhar, de criar, de se olhar enquanto ser humano potente e isso vai contra todas as expectativas que a sociedade tem quando se trata de alguém em situação de vulnerabilidade social. Por isso, a figura do(a) educador é tão importante no processo de desenvolvimento dessas trajetórias. Nós temos a possibilidade de oferecer a esses jovens um outro ponto de vista, uma outra perspectiva sobre eles(as) mesmos(as), além de termos a oportunidade de refletirmos sobre as nossas próprias ideias e aprendermos com cada história que formou aqueles seres humaninhos até ali. Isso é potente. Isso é transformador.


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