E de repente, como praticamente tudo que estava acontecendo durante aquele Intensivão, estavam eles, adolescentes ansiosos para conhecer o professor de português das aulas que eles escolheram estudar nas férias.
Não lembro se fazia frio ou calor, qual roupa estava usando ou se sentia fome. Sensações tão naturais hoje, quando estou em sala de aula.
Era uma tarde calma na cinzenta metrópole. Eu não era o único apreensivo na cidade que não para. O professor era eu. Não era um teste. Eram estudantes em busca de um saber. Eles eram os meus primeiros alunos e eu nunca tinha dado uma aula de português.
Naquele momento eu senti medo e insegurança. Mas ao entrar em contato com eles, no Conexão, percebi que era o início de uma bela e gratificante trajetória. Nos dias seguintes,em meio às inseguranças que até hoje persistem, fui tendo a certeza que não poderia ter feito outra escolha.
Percebi também que o conteúdo, assim como o currículo, não deve ser ignorado, diante de tantas questões que ele representa. "É um direito", como sempre me ecoa na lembrança da voz da Jana Barros. Entendi que dali em diante estaria lidando com sonhos. Muitos ainda nem sonhados. Naquele momento, compreendi o quanto a minha presença naquele espaço era significativa.
Posso ter exagerado na dose poética de tais palavras, mas, acredito que a poesia, ou melhor, a arte, possibilita outros horizontes, outras alternativas, outros olhares e/ou interpretações da realidade, no nosso caso, a realidade educacional.
Ao ir ao encontro de tal realidade, lembre-se que a sala de aula, assim como todos os caminhos que te esperam na educação, é feita não para e/ou por eles, mas, para e/ou por nós. Coletivo. Assim, nessa relação de troca e crescimento em conjunto, mobilizamos estudantes e educadores/as para o fomento dessa arte-educação.
Muitos irão te encantar e outros você só vai entender um tempo depois. De qualquer forma, as memórias e/ou lembranças serão cultivadas. E são estas, que lhe fará seguir caminhando nessa estrada infinita: educação.
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