— João, você pode ajudar Luíza a lembrar o que são sílabas tônicas?
— Eu não sei, professora…
Esse é um diálogo fictício, mas poderia facilmente ser apenas mais uma das inúmeras vezes em que eu ouvi “não sei” em sala de aula. Depois de muito me frustrar com essas respostas e, em diversos momentos, me culpar por isso, eu comecei a refletir sobre o porquê era tão usual ouvir de um(a) educando(a) que ele(a) não sabia ou não se lembrava de algo.
Um dia, numa dessas idas e vindas que temos no Facebook, eu me deparei com uma publicação onde uma criança de dois anos foi questionada se sabia nadar, ao passo que ela respondeu: “não, mas eu sei aprender”. Essa resposta, que se tornou um mantra para mim, ressignificou a minha abordagem e os combinados adotados em sala de aula.
Ao perguntar para João se ele poderia ajudar Luíza com a resposta, o impacto de ouvir “eu não sei” da sua boca já não é o mesmo para mim. Identifiquei que, frequentemente, o que impedia João de tentar não era o não saber, mas o receio de errar. Nessas situações, passei a adotar como resposta que nós poderíamos tentar e aprender juntos. Não é à toa que desde então, antes de dizer não sei, os Joões da minha sala, muitas vezes, interpelam: “professora, mas pode errar, né?”. Sim, está tudo bem errar.
Hoje, enquanto refletia sobre formas de consolidar cada vez mais relacionamentos de confiança que permitam aos estudantes se livrarem da etiquetagem do erro, eu relembrei que a construção do conhecimento não é um processo linear, mas que exige reestruturações mentais que, muitas vezes, serão consideradas “errôneas” no que se refere ao ponto de chegada, mas que são “construtivas” na medida que permitem ao educando aceder a ele.
E você, qual tem sido a sua relação com o erro?
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